-
Arquitetos: Kengo Kuma & Associates
- Área: 11389 m²
-
Fotografias:Nicolas Waltefaugle
Descrição enviada pela equipe de projeto. Este projeto é o resultado da união entre história e arquitetura, água e luz, cidade e natureza. Desejamos que o Centro de Arte e Cultura de Besancon apoie o meio ambiente através da fusão de diferentes escalas de leitura, desde os detalhes de todo o projeto, borrando o limite entre interior e exterior, até criar um edifício em ressonância com o meio ambiente: as colinas, o rio e a cidade de Besancon. A cobertura cria uma ligação entre o edifício e seu entorno e torna o projeto marcante. Simboliza o encontro entre cidade e natureza, cidadão e a margem do rio, o público e cultura.
O local traz consigo tanto sua própria história como a historia da cidade. A margem do rio sempre foi uma proteção ou uma barreira. O projeto é uma continuidade de sua história, sua geometria longitudinal segue a orientação dada por Vauban, o armazém, velho estoque de madeira, que é mantido e participa da riqueza da edificação. O Centro de Arte e Cultura de Besancon perpetua a noção de proteção, mas pode ser lida como uma passagem monumental entre a cidade e o rio, objeto proeminente e símbolo da unificação da cidade e seu rio. É um marco, reconhecível por um design sóbrio e pela qualidade de sua materialidade. Desejamos reforçar o genius loci do site através de uma construção forte e identificável, mas ainda respeitando a relação entre o bastião existente, o rio e a cidade.
Unificado abaixo do grande teto, as duas funções são identificáveis pelas diferenças sutis nos padrões de composição da fachada por painéis de madeira ou metal. As dimensões do padrão são FRAC: 5000 X 2500 Horizontal enquanto o CRR 1625 X meio pé-direito. O Frac está localizado parcialmente no antigo armazém de tijolos. Apos a remoção de duas lajes existentes, o vazio criado contém a sala principal de exposições. O grande lobby do FRAC é o mais transparente possível, aberto a "art passage" e do lado da cidade. A iluminação zenital é difusa graças a disposição aleatória dos painéis de vidro no teto, para se conseguir comunicar a sensação de estar embaixo de uma copa de árvore, onde a luz gentilmente entra por entre as folhas até o chão. O CRR é um espaço mais introvertido, excetuando-se o lobby, que tem 14 m de altura e é bastante transparente. Ambos lobbies, do FRAC e CRR são conectados pela cobertura, criando um espaço semi-aberto, a "art passage", que é inundada de luz natural através da cobertura semi-translúcida. Esta passagem, um grande vão, estrutura o conjunto de edifícios: age simultaneamente como uma passagem e um abrigo; enfatiza a particularidade deste projeto que une diferentes funções.
O telhado é o elemento emblemático e unificador do projeto. Composto de modo aleatório com diferentes elementos como vidro, painel solar, vegetação e painéis de metal com cores diversas, a luz natural vibra nestas superfícies, dependendo do nível de absorção e reflexão dos diferentes elementos que o compõem. Cira uma cama pixalizada onde a aparente aleatoriedade das posições dos "pixels" definem uma imagem única, abstrata e confusa com o tom do ambiente inscrito. A transparência é parcialmente definida pela necessidade do programa abaixo: opaco acima das salas de aula, salas de administração, ou salão de exposições. E mais transparente no topo do lobby ou quando esta cobrindo ambientes externos. Suspensos por uma estrutura de madeira, esta quinta fachada feita por variações de transparência e opacidade representa um projeto exclusivo e inovador, uma fina camada pixalizada flutuando no topo do rio Doubs e se tornando durante a noite em um marco capaz de reforçar a entrada da cidade. O único elemento emergindo do telhado é o antigo armazém convertido em galeria de exposições, lembrando o período industrial do terreno.
O projeto paisagístico participa do percurso de pedestres ao longo do rio: estende-se e se conecta com o passeio existente. A principal restrição do local é o risco de inundações. Reforçamos o aterro e construímos no topo deste dique. Este é o motivo porque o edifício está no topo de um pedestal. Este pedestal pode ser experienciado fisicamente ao andar pelo espaço semi-aberto, a "art passage", pendendo-se em direção a rua e conectando-se ao rio por uma grande escadaria. O CRR é organizado entorno de um jardim, chamado "harmony garden", um jardim que combina musgo e árvores baixas. Na sequência, junto a FRAC, um lago faz suave a transição entre a cidade e o edifício. Parcialmente coberta pelo telhado semi-transparente, as variações de sombra e luz entrelaçam-se com os reflexos no lago.
O design do interior é estruturado principalmente pela fachada e pelos padrões da cobertura, filtrando a luz natural. Madeira, vidro, ou malhas de metal são combinados de modo sutil para gerar um atmosfera tranquila e relaxante. As estruturas de madeira suportam o telhamento e aparecem nos lobbies, terraços e nos últimos pavimentos que veêm a presença do telhado intensificada. As vistas para o exterior são precisamente enquadradas em direção ao lago, ao rio, ou aos espaços de pé-direito duplo e tripo que proporcionam diferentes experimentações espaciais.
Para este lugar que sempre fora percebido como uma barreira física para os cidadãos (ora fortificação ora área industrial), propomos gerar um centro cultural aberto e convidativo, uma passagem e um teto entre o rio e a cidade, em harmonia com o meio ambiente.